Dia desses, ouvi uma declaração muito curiosa da jornalista Monica Waldvogel. Ela dizia que possui uma teoria sobre as relações interpessoais entre as mulheres nas organizações. Mais precisamente sobre a diferença em como os homens se relacionam com colegas homens, em relação ao relacionamento que nós mulheres temos entre nós nas empresas.
Segundo a teoria de Monica, os homens têm mais sucesso nesses relacionamentos, pois passaram a infância jogando futebol, enquanto nós mulheres passamos a infância brincando de casinha e de bonecas. Ela explica:
Os homens quando estão jogando futebol, têm suas posições bem definidas. O zagueiro, sabe que ele não pode ficar lá na frente atacando, querendo fazer o gol, pois sua função é auxiliar a equipe a se defender. Ele sabe que o atacante, tem uma posição de muito mais destaque do que a dele, mas sabe também que sua posição é fundamental para o bom resultado do time.
O meio campista, por sua vez, sabe que sua função é servir ao atacante para que esse finalize a jogada, além de observar os laterais, auxiliar na marcação. Para isto, ele precisa estar atento a tudo que acontece a sua volta. Na sua equipe e também na equipe adversária.
Existem regras. Mas estas podem ser burladas em prol da equipe. Por exemplo, quando um jogador comete uma falta a fim de evitar uma jogada de risco do jogador adversário. Se esta falta ocorrer em sua área, ele é penalizado (pênalti). Ele aceita sua punição e sabe que com isto o adversário tem a chance de ter vantagem no jogo, caso faça o gol.
Mesmo assim, a equipe não se volta contra ele. Sabe que, todos ali, estão tentando de todas as formas jogar pelo melhor resultado da equipe. Eles não discutem entre si em campo.Não discutem a “relação”, não deixam que a vaidade prevaleça sobre o objetivo maior do grupo que é ganhar.
Isto fica, quando necessário, para o vestiário no intervalo do jogo. Lá é o local e o momento de ajustar a equipe, acertar os erros, planejar estratégias etc. É lá também que ocorrem as discussões mais acirradas, as conversas mais ríspidas, os ânimos mais alterados.
E é lá que as diferenças ficam, quando eles novamente entram em campo.
Nada daquilo que foi debatido no vestiário é levado a campo assim como também não é levado para o lado pessoal. Todos ali sabem que quando um “xinga” o outro, está na verdade querendo que ele dê seu melhor porque sabe do que ele é capaz e que pode dar o seu melhor.
Não existem dramas, nem “vingancinhas”. Não há tempo, nem espaço para isso. Eles têm foco.
Não há represália ao colega que não deu o passe certo, ou que prendeu a bola quando deveria passar.
Não há tempo de cuidar se o colega está com a chuteira mais bonita do que a sua, nem de tentar obrigar ele a usar uma que lhe agrade mais.
Cada um tem a exata noção de seu espaço e importância no jogo.
Quando tudo dá certo e o gol acontece, todos comemoram e não só quem o fez. Porque todos participaram com sua parcela fundamental de contribuição – mesmo os que não encostaram na bola.
Quando o jogo acaba, independente do resultado, eles voltam para casa/clube e seguem companheiros. Não há mágoas, não há passionalidade ou preciosismo. E possivelmente muitos deles, quando além de colegas se tornam amigos, irão comemorar o resultado positivo, tomar uma cervejinha juntos tendo a consciência de que sozinhos são apenas atletas, mas que unidos e em campo, formam um time.
Eles se esfolam em campo, as vezes mesmo entre si. Mas saem dali abraçados num propósito maior: o de vencer como time.
Achei profundamente inteligente a teoria de Monica; Talvez tenhamos mesmo muito que aprender com eles neste “campo”.
Então tá!