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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Salve as Diferenças





Sou totalmente crente na diferença entre homens e mulheres.
Não fosse assim, seres tão complexos e tão diferentes, não poderiam ser tão perfeitos um para o outro. Afinal está nas diferenças a possibilidade de conhecimento e crescimento tanto individual quanto coletiva. Salve as nossas diferenças.
E é exatamente por isso que existem coisas que são exclusivamente para mulheres, outras exclusivamente para os homens. Obvio, não? Nem sempre.
Alguém por favor, informe aos desavisados de plantão que homem NÃO DEVE sob hipótese alguma, por exemplo, pintar o cabelo.
Queridos: Mulher pode tingir mechar, fazer luzes, reflexos, cortar, repicar, fazer franja, franjinha, franjão, colocar aplique, mega hair, encaracolar, alisar, hidratar e toda a gama de possibilidades que o ramo cabeleireiro nos fornece. O que não dá pra conceber é um homem grisalho, ou de cabelos brancos, resolver pintar o cabelo, e pior: de castanho. Cabelo Branco+ Tinta Escura = Cajuzinho Uó do Borogodó. Não rola! Não fica bem. Nem em você caro leitor, nem no George Clooney (aliás, que é um belo exemplar de grisalho).
E ainda há os casos ainda mais graves: os que pintam os cabelos e O BIGODE. Não dá pra admitir, francamente. Aos que vivem à minha volta eu já avisei: eu interno! Tiro do testamento! Peço interdição!
Outro dia numa viagem, sentou-se a minha frente um cara bem vestido, lá pelos seus 40 e poucos anos e era calvo. Desses que os cabelos caem no topo da cabeça e as laterais continuam crescendo. Mas o cidadão resolveu não aceitar a calvície, e resolveu solucionar com uma idéia brilhante: Deixou crescer o lado direito, entupiu de gel, e cobriu a área desmatada “transplantando” os cabelos de um lado para o outro.
Juro por Deus: Mais 30 minutos de vôo, e eu teria batido no ombro do sujeito e dito:
- Amigo.. .veja bem: Você provavelmente não tem mãe, nem mulher, nem namorada (sim, nem poderia!), nem filha enfim... Ninguém que possa lhe dar um conselho precioso, então eu farei agora esse papel: Vai raspar esse cabelo e assumir com dignidade essa careca homem de Deus!
E seguiria argumentando:
-Amigo, pense comigo: Que mulher gostaria de acordar ao lado de um homem que, do lado direito é o Lasier Martins, e do esquerdo o Pedro de Lara? Não rola amigo. Definitivamente NÃO É TENDENCIA, OK???
Pra sorte dele (ou minha), ou vôo terminou antes do meu acesso de “sincerocídio”, e eu consegui segurar a língua. E por isso que vos digo: Cada macaco no seu galho gente!
Homem que é homem assume dignamente os fios grisalhos, a leve falta de fios, ou a careca total. Pronto, muito mais prático do que nós : loucas ensandecidas camaleônicas que sempre encontramos uma “necessidade” de mudar. Fiquem aí com suas praticidades de nascença e nós aqui com nossas mutações capilares, combinado?
Então tá.



quinta-feira, 6 de maio de 2010

Letticia - em Contos da Liga




Letícia é Loura. Loura Natural. Irritantemente Loura.
Além de Loura Natural, Letícia é lisa. Naturalmente Lisa. Abominavelmente lisa. Desconheço grampo capaz de parar naquele cabelo (lindo) ridículo, nem chuva capaz de arrepiá-lo.
Não bastasse ser Loura Natural, e lisa, Letícia também tem olhos VERDES. Irritantemente VERDES.
E como se a humilhação já não fosse suficientemente grande, Letícia também é alta.
Mas a natureza não é assim tão complacente com as pessoas, definitivamente não.
Pra contrabalancear tantos (irritantes) atributos, Letícia é a atrapalhação em pessoa.
Ela consegue façanhas inéditas.
E para comprovar aquela teoria de que na verdade não são os opostos que se atraem e sim os semelhantes, Letícia tem um namorado (há 10 anos).
O “cerumano” é natural da cidade de Anta Gorda – RS, e como tal, ganhou dela o carinhoso apelido de Anta-Gordinho.
Anta-Gordinho é a tampa de rosca do pote de Letícia. O casal perfeito. Se Mr.Ben tivesse uma esposa, certamente se pareceriam muito com Leti e o Anta Gordinho.
Certa feita, Leti chegando na casa do namorado, avistou uma “colônia” do “Avão” em seu quarto. Mas não era qualquer “colônia”, era uma colônia feminina e em uso.
Possuída pelo ódio e desconcertada pela ira Leti fez aquela tradicional cara de quem fez coco no maiô quando viu o frasco, pois considerou o fato de que o rapaz habitava sozinho aquele quarto e portanto não haveria uma explicação plausível pelo fato do rapaz andar usando um perfume feminino.
Quando o pobre Anta-Gordinho entrou no recinto, Leti foi logo cobrando explicações, afinal estaria esta história de amor acabada por um perfuminho de quinta?
Mas o pobre rapaz, total desconhecedor do mundo perfumista explicou: 
- Pare já com isso Letícia. É obvio que esse perfume é meu!! Não está vendo o que está escrito na embalagem????”
- É claro que estou seu imbecil, e sei ler muito bem: Está escrito For Women!!!
- Então sua doida!!!??? W-o-m-e-n   E tu achas que sou o que? 
H-O-O-O-M-M-E-E-N... Não entende inglês não?

Depois disso, Letícia, que um dia bateu pé afirmando que  Woopi Goldberg era nome de um filme que ainda não tinha assistido, resolveu perdoar Anta-Gordinho.
E lembrar que o amor é lindo, mesmo quando é MONOLINGUE.

Então tá.

sábado, 1 de maio de 2010

Bicho Papão


Então estávamos eu, meu marido e minha filha em nossa casa em Sp, quando ouvimos barulhos estranhos. Estranhos mesmo, e altos: Tipo, socos, batidas de porta violenta...coisa “horrívi” mesmo.
Como o casal que mora no andar de cima, é um casal de idosos (já passaram ambos dos 70 anos), excluímos a possibilidade de uma pegação mais violenta.  Peguei minha filha pelo braço, e me escondi com ela agachada no quarto dos fundos tentando lembrar de alguma instrução de segurança passada em palestras de defesa pessoal que eu tenha assistido. Isso tudo é claro sem tentar assustá-la. Em vão, obvio, porque eu já estava em pânico. 
Eu e meu marido tivemos a mesma percepção da cena: A casa dos velhinhos foi invadida, o barulho que se ouviu só pode ter sido dos meliantes botando o pé na porta, e neste  exato momento eles estariam sendo amarrados nas cadeiras nus, e levando coronhadas na cabeça.
Enquanto eu fazia a Kate Mahoney, e tentava proteger minha filha em algum local seguro da casa, meu marido incorporava o Chuck Norris trancando as portas e bolando uma saída estratégica. A primeira delas foi pegar a arma escondida no roupeiro, e empunhá-la ficando a espreita. Eis que depois de um tempo os barulhos cessaram. Tivemos então a BRILHANTE idéia de telefonar para o casal, para tentar descobrir algum indicio do que se passava.
O Vovozinho atendeu calma e placidamente. Meu marido quis saber se estava tudo bem, pois tinha escutado alguns barulhos estranhos..
Ao que ele sorridentemente respondeu:
-Ah meu filho... Obrigada pela preocupação! Mas está tudo bem....é que a minha netinha não queria comer, e meu filho começou a bater na porta pra ela pensar que era o bicho papão.
Ahhh sifodêeeee Sr. Maneco... Gentileza avisar a vizinhança antes de receber a visita do bicho papão, porque eu acabo de voltar a ter medo dele!
Pode sair debaixo da cama minha filha. A operação “quarto do pânico” foi abortada.
Então tá.

Chato pra Car@#$$¨%&



Eu tenho um pára-raios a postos para atrair gente chata.
Se houver um chato num raio de 10 km, escreve: ele vai se aproximar de mim a fim de me irritar: Fato.
Quando é um chato conhecido, digo desses que a gente é obrigada a conviver por serem da família, ou colegas de trabalho ou afins, vá lá. O problema é quando o chato é totalmente desconhecido, não se sabe nem de onde saiu, e mira na pessoa aqui. O tiro é sempre certeiro.
E o curioso, é que o chato jamais percebe que está chateando. Você pode tentar fazer a maior cara de #$@ do mundo, porque o cidadão não vai perceber, desista.
Pode também tentar ser irônico, debochado, dar indiretas: Esqueça: ele não vai entender.
A probabilidade de se encontrar um individuo desses quando se está em lugares públicos e sozinha é sempre maior. Eis que normalmente utilizo meu carro para as idas e vindas cotidianas. Trabalho, dar carona para a mãe, fazer mercado, pegar a filha na escola etc.
Mas há mais ou menos 15 dias, estou tendo o PRAZER de usar o transporte coletivo, pois meu marido precisou viajar com meu carro. O problema é que trabalho em outra cidade, então os horários ficam extremamente limitados. É um sobe e desce de ônibus, que presumo não estar muito distante o dia que pegarei o ônibus errado e vou parar sabe-se Deus onde.
Na ultima sexta-feira, precisei pegar minha filha na aula de ginástica e meu humor já era incrível aquela altura.
Era sexta, eu estava morta de cansada, já havia tomado 3 ônibus naquele dia, e estava prestes a ter de entrar no ultimo a caminho de casa. Coisa básica: Um trajeto que levo 10 min de carro o ônibus faz em 45, mas beleza... vamos em frente.
Chegando ao ponto de onibus: tchanam... o chato me descobriu. A chata para ser mais exata. Ela parecia estar a minha espera, pois foi eu botar o pé na calçada e ela veio em minha direção com a abordagem nonsense:
-Tá esperando o Boqueirão?
-Não senhora. (respondi com cara de c@#$$)
-Ta esperando o Moinhos de Vento?
-Não senhora. (sobrancelhas arqueadas tentando afugentá-la)
-Ta esperando qual então?
-O primeiro que vier eu entro sua infeliz (era o que ela teria lido se a vida tivesse legenda).
-O Igara , respondi monossilabicamente.
-Mas o Igara já passou!
- Vou esperar o próximo (enquanto lembrei de uma comunidade que participo: Quer conversar vai na Hebe!)

Lembrei também de uma frase que meu pai sempre diz: - Minha filha, o chato quando está com tosse não vai ao médico, vai ao cinema!
E então nos próximos 5 minutos (tempo em que demorou para que a GRALHA pegasse o seu ônibus), ela me relatou um apanhado rico em detalhes de sua vida.
Falou da insatisfação com a Patroa, sobre estar pensando em largar o emprego pois nunca consegue sair no horário em que deveria. Contou que já estava atrasada para ir ao baile em outra cidade e que a esta altura já teria perdido a carona, pois a vizinha não ia esperá-la. (nem eu esperaria). Passou pela vida do filho, do emprego da patroa que sempre atrasa e não deixa comida para o filho...bla bla bla bla bla....
Ela falou ininterruptamente e sem respirar por 5 min. Eu não tive tempo de emitir um som sequer e isso claro, para ela não fez a menor diferença. Afinal, ela não queria ouvir, queria falar. E tinha de ser para mim, claro!
Eis que vi uma luz no fim do túnel, da rua, e era o ônibus dela.
Ela  toda feliz gritou: -Jesus me ouviu!!!
- Não senhora, Jesus ME ouviu.
Ela obviamente, não ouviu.
A partir de então, não foi tão cruel esperar mais 20 min. pelo meu ônibus. No silencio, todo fardo é menos pesado.
Então tá.


Volver



Não consegui ficar imune. Tem coisas que mexem com a gente e compartilhar é preciso.
Assisti hoje, pela primeira vez um filme do Almodóvar. Já estive por diversas vezes com alguns nas mãos, mas sempre acabava em duvida..será? Até porque sempre ouvir falar (e hoje confirmo) que os filmes do Almodóvar ou se ama, ou se odeia. Eu definitivamente fico do lado de quem ama.
Eu saí à procura de: Tudo Sobre Minha Mãe, mas por ser feriado, encontrei poucas locadoras abertas. A única que encontrei tinha um único filme do diretor: Volver.
Meio desconfiada peguei, numas de:”vamos ver qual é”, e na pior das hipóteses dormirei no meio.
Ledo engano. O filme é lindo, sutil, denso, dramático, tragi-cômico e feminino até o útero. Uma pintura. Uma tentadora possibilidade de voltar, como o próprio nome sugere e que nos faz pensar em como seria se ganhássemos esse presente da vida. Poder retomar lá atrás o que deixou de ser feito. As desculpas que nunca foram pedidas, as revelações que nunca foram feitas, os fantasmas que não matamos, o passado que nunca enterramos. E de lá, resgatar para o presente os que ficaram, os que perdemos, os que queríamos conosco.
Chorei, evidente. Fez lembrar-me de minha avó materna, nos domingos inúmeros que passei em sua casa e que ela esperava-nos com a mesa farta: pastéis feitos na hora (os mais deliciosos que já comi na vida), potinhos de compota, “chimia”, café com leite aconchegante.
Saudade dos almoços regados a churrasco, de colher bergamota no pé, de deitar na rede...
Quis voltar lá e trazê-la de volta. Dar os abraços que não dei, os beijos que não valorizei. Saudade de tê-la por aqui para saber que a neta dela cresceu, que construiu uma vida, uma família...
Enfim, me permiti sentir saudade e ter a certeza que definitivamente o que se leva da vida, são momentos.

Então tá.