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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não Buzine




E que medo eu tinha de passar pelo "Viaduto da Conceição".
Era avistar a plaquinha de "Não Buzine " e minhas orações infantis começavam, e o medo parecia inundar meus órgãos, dando um nó na garganta.
Com toda a fé que me era possível aos 5 anos de idade eu pedia encarecidamente ao Sr. Papai do Céu que não permitisse a nenhum motorista buzinar. Por favor, por favor, por favor.
A aflição só passava com o alivio de chegar ao fim do túnel literalmente.
Tudo porquê (tudo tem um porque) eu insistente e sempre curiosa perguntei repetidamente à minha mãe: Por que não pode buzinar dentro do túnel? Cansada demais para explicações técnicas e em busca de uma resposta que cessasse meu interrogatório, ela não teve duvidas ao garantir: Porque se alguém buzinar aqui dentro, o túnel desaba.
Pronto.
Bastou.
Era a senha que meu pânico precisava para se instalar. Por anos, e anos eu tive medo de passar por ali com medo que o dito desabasse.
Não desabou, eu não rezo mais com tanto afinco a entrar em um túnel, mas ainda não gosto deles.
Me sinto sufocada, espremida, esmagada.
Mais ou menos como pensar em ser enterrada a sete palmos. Já disse: Não ousem, ou volto pra puxar as orelhas.
Me cremem, e me deixem voar. Ou então me deixem boiar no mar, onde eu tanto gosto de estar...mas não me soterrem.
Me bastam os tuneis.

Então tá.

Um comentário:

  1. Quando eu era pequena, o primeiro defunto que eu vi, tinha algodões tampando seu nariz.Fiquei horrorizada com aquilo. Senti uma claustrofobia tal que depois disso, sempre que tinha oportunidade, dizia pra quem pudesse ouvir em alto e bom som: quando eu morrer, não ponham algodões no meu nariz!!!! Mais tarde, fiquei sabendo que era inevitável pôr o tal algodão e isso me preocupou muito, por muito tempo. Ainda me incomoda. Também quero ser cremada! Quer dizer, eu preferia não morrer, mas parece que também é inevitável! Aiai... que seja, mas que demore muuuuuuuito!
    Beijos.

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