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terça-feira, 16 de março de 2010

(in)Justiça(s)?



Carreira é uma coisa engraçada - desgraçada para alguns. Engaçado também a forma com que as outras pessoas nos vêem como profissionais.
Aquela coisa de: O que será que ela vai ser quando crescer??!?!
Bem, eu desde que me conheço por gente, só quis ser duas coisas na vida (profissionalmente falando): Jornalista ou Psicóloga. Nunca pensei em ser nada além disso. Nunca me vi realizada profissionalmente em outro ramo. O problema é que o ramo que gostaríamos de estar, é normalmente diferente do RUMO que a vida nos coloca pra seguir.
Pra confirmar isso, nunca pude fazer nenhuma dessas graduações: Nem psicologia nem jornalismo. Acabei vindo parar na Administração que é o que mais se encaixa com meu trabalho atual. Como as vezes o que é necessário nem sempre é exatamente o que sonhamos um dia, sigo o baile, já mais pro final do que para o inicio do curso. Ainda chego lá.
O fato curioso é o que muita gente já me falou na vida: “-Tu deveria ser advogada, leva jeito”ou   “Pô, tu serias uma baita advogada”.
Sei lá de onde esses seres queridos tiraram essa idéia, mas de onde quer que tenha sido, ela não condiz em nada com qualquer pensamento que eu já tive sobre carreira.
E não que eu considere a profissão pouco atraente, muito pelo contrário. Acho que deve ser um mundo fascinante. O problema sou eu mesma. Sou “demais” para o exercício da profissão.
Afetada demais, revoltada demais, inconformada demais, defensora demais dos pobres e oprimidas.
Como –penso eu- poderia defender um pedofilo por exemplo?  Sim, é um exemplo extremo eu sei, afinal o direito tem outras vertentes. E  mesmo na área criminal, poderia atuar na promotoria e não na defesa. Mas mesmo do outro lado: Como poderia eu ajudar a condenar um criminoso desse porte sabendo que ele tem uma lista interminável de benefícios e que esses poderão resultar no relaxamento da pena. E que, portanto, esse mesmo criminoso, em vez de apodrecer na cadeia estaria em poucos anos na rua fazendo sabe-se lá quantas outras vítimas.
Como imaginar em contrapartida que este, ou qualquer outro criminoso poderia ser recuperado nesses depósitos de gente fétidos que são as cadeias (ou a grande maioria delas) nesse país.
Como conviver com a corrupção, com a desonestidade, com as falhas de um sistema podre e vergonhoso? Como conviver com a contradição de passar valores de dignidade, justiça e honestidade para um filho, e ao mesmo tempo sobreviver a mercê da indignidade, da injustiça e da desonestidade.
Não. Acho que a prisioneira neste caso seria eu. Quem sabe já seja, prisioneira de utopias coloridias, enfim...
Mas admiro demais quem escolhe o Direito como exercício de vida: Sim, porque é bem mais que uma escolha profissional. É uma forma de acreditar que a vida tem jeito.
Tenho alguns amigos especiais que o exercem com maestria pelo amor ao oficio e certamente fazem o melhor que podem dentro desse circo pré estabelecido, até porque são pessoas de integridade sem igual.
Mas realmente: Não faz parte do meu show. E não, não vou ser quando crescer.

Então tá.



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