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quinta-feira, 18 de março de 2010

Recadastramento Quilométrico Biométrico



Diário de Bordo de Michele e Vanelise – Após 05 horas . eu repito: CINCO HORAS na fila do diabo do RECADASTRAMENTO BIOMETRICO.

O negocio é o seguinte.

A prova de resistência acabou e o premio era apenas imaginário...só os inteligentes conseguiam ver.
Não, não estávamos no Big Brother. Não era prova do líder...era apenas uma das alucinações que tivemos na peregrinação de ontem a noite.
Foi uma ciranda cultural sobre moda, beleza e comportamento. Uma imersão.
5 horas de convivência com os aborígenes de todas as estirpes. Com todos os “aromas” e “vestimentas” possíveis.
A visão do inferno, não há outra definição.
Quando chegamos (phynas) de óculos escuros e salto alto, nossa finess ainda enganava e nos sentíamos apenas um pouco desconfortáveis com os nativos.
Algo meio: não sou dessa tribo, mas vou manter a compostura.
Um ou outro mereciam nossa atenção como por exemplo o rapaz que insistia em passar no meio da multidão com o bicicleta numa vibe: customizei em casa meRRRmo, tá ligado?
O pneu era maior do qualquer um que eu já tenha visto. Desconfio que era um disco de arado gigante, improvisado para outro fim.
Tinha também um senhor com a perna enfaixada e muletas. No mínimo tentando sensibilizar alguém pra furar a fila! Nã Nã Não.
Não faltou também as moçoilas atração da comunidade: Manequim 54 vestindo Manequim 36. E o risco de explodirem a qualquer momento.
Gente gritando, gente bebendo, gente comendo, gente correndo, gente morrendo (ou a caminho de.).
E como o brasileiro, alem de deixar tudo para a ultima hora ainda é um povo criativo pra cacete, não demorou para aparecer um ambulante vendendo cordões prateados. Esses de colocar no pescoço de pessoas com gosto duvidoso. Lembram muito uma corrente que eu costumava prender a bicicleta nos passeios ciclísticos, mas há quem diga que é moda. Vai saber...
O programa foi também um passeio familiar para muitos. Pelo menos para o casal atrás de nós, acompanhados de sua prole: 4 filhos.
Atenção para a Equação:  4 filhos + Fila de 5 horas = MERDA.
E é claro, como todo o lugar de aglomeração popular, sempre aparece um conhecido. Normalmente um conhecido que a pessoa ODEIA e só gostaria mesmo de ver se estivesse na melhor cena de Viver a Vida - por cima da carne seca. Tipo assim: Voando as tranças em Búzios num carrão conversível (O Maradona cada um que escolha o seu ok?) Mas não. O infeliz tem que te encontrar ali na FILA DO RECADASTRAMENTO BIOMÉTRICO, em CANOAS, NA CALÇADA , AO LADO DO ESGOTO QUE FEDIA e com a dignidade já ausente.
O infeliz em questão era um fotografo, amigo da Michele (companheira de fé, irmã camarada) que estava ali certamente trabalhando para algum jornal, e tentava retratar  tamanho do caos. Ele não ousou nos fotografar. Deve ter temido pela vida.
Quando nossa fé já tinha ido embora, junto com a dignidade, eis que desce perante nós um anjo do céu. O pai da Michele.
Esse homem vai pro céu, nem que eu tenha que levá-lo no colo (a não ser que eu precise enfrentar fila. Aí não tá pai Vlade?)
Afinal que outra criatura que não celestial, apareceria ali no meio da fila em Auschwitz, e diria serenamente: Gurias...vão jantar! Deixa que eu fico aqui.
Não nos fizemos de rogada, e la fomos com algumas bolhas e uma fome dilacerante.
O triste foi saber que na volta, o anjo que nos aguardava na fila confortavelmente instalado em sua cadeira cor de rosa (sim, ele levou uma cadeira pra nós embora estivéssemos precisando mais de uma maca e um litro de soro), não havia avançado sequer um quarteirão. Nota:  A cadeira, depois de ser ameaçado pela filha de assassinato em via publica, ele tratou de guardar no carro.
Dizem que a muralha da China se enxerga lá de cima, dos satélites. A fila do recadastramento biométrico também, com certeza!
Lá pelas tantas estava eu de “chinela”(evidenciando minhas unhas dos pés descascadas), calças arremangadas (sim, o piso era um lamaçal), garrafa de água na mão. A Michele com um casaco enrolado no pescoço parecendo uma Talibã. Chique – mas ainda assim uma Talibã. Nós só riamos... riamos  ininterruptamente e sem motivo. Nos olhávamos e riamos mais.. ou eram espasmos???
A sala do tal recadastramento parecia um Oasis no deserto. Eu enxergava ela ali pertinho, e de repente ela desaparecia. Ainda havia muitos aborígenes na nossa frente.
A esta altura, desconfiávamos tudo fazia parte de uma grande conspiração. Seriamos nós cobaias de algum experimento cientifico-ufologico, e acordaríamos na manhã seguinte sem um dos rins numa banheira coberta de gelo como reza a lenda???
Ou então estávamos sendo catalogadas para lista da CIA / FBI e teríamos nossa foto divulgada nos sites dos mais procurados do mundo.
Não fazia sentido estar ali, naquele calvário a tanto tempo, por algo menos grandioso.
Depois de tudo isso, para fazer o raio do titulo, era preciso tirar uma foto.
Realize comigo: Ninguém, ninguém mesmo, absolutamente ninguém fica bem em uma foto 3 x 4. Sobretudo depois de CINCO HORAS na fila.
E o rapazinho, tem a pachorra de me perguntar... a Sra quer ver como ficou a foto?
Não querido, definitivamente não. Essa aí não sou eu. É meu espírito Neandertal! Acaba logo com isso!
E tudo isso pra que mesmo?  Ah claro.. para votar em novembro.
BRASIL, UM PAIS DE TOLOS TODOS.

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