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sábado, 6 de março de 2010

Piada de mal gosto


Canoas-RS pode ter Felipão como embaixador






Não senhores, este não é um post de uma cidadã Canoense sobre a possibilidade de ver sua cidade como subsede da copa de 2014.
Não, esta também não é (infelizmente) uma nova crônica para o meu blog.

Este é um manifesto, um desabafo, uma tentativa de ser assertiva, com a arma que disponho no momento: a escrita.
Esta é a historia de um homem de 58 anos, tentando um atendimento médico no sistema publico de saúde.
É meu tio, o Sr. Jair. Mas certamente é a história de milhões de pessoas que certamente estão na mesma situação, se não em pior.
A saga inicia no sábado, dia 30 de janeiro de 2010. O Sr. Jair acordou na manhã do dia 30 com fortes dores abdominais. Os medicamentos triviais para dor não funcionaram, e a mesma aumentou tanto a ponto de sua esposa levá-lo ao HPS de Canoas, já que o mesmo apresentava uma aparência amarelada, e dificuldades em andar, além das fortes dores que não cessavam. Ao chegar no HPS, o médico constatou após alguns exames, que ele estava com pedras na vesícula, e dois sistos nos rins, além de uma alteração no fígado. Haveria de ser feita uma cirurgia rapidamente.
Após o diagnóstico, o médico o manteve internado no HPS, ministrando medicamentos pra dor, e antibióticos.
Ao fim da tarde entretanto, deu-lhe alta, já que as dores estavam “administráveis” e já que não havia um anestesista disponível. Orientou que meu tio procurasse um posto de saúde para marcar a cirurgia recomendada. O médico fora bastante claro, informando que se tratava de uma cirurgia em caráter de urgência.
O posto de saúde então foi a segunda escala da rota, na segunda-feira dia 01 de fevereiro, afinal, postos de saúde não funcionam nos finais de semana.
Já na segunda-feira, meu tio deslocou-se novamente com fortes dores, ao posto de saúde, conforme orientação médica do HPS. Lá chegando, descobriu que a coisa não era assim tão simples. Ele precisava marcar uma consulta: primeiro com um clinico geral, e este por sua vez, o encaminharia para a marcação da cirurgia.
Mas, é claro, a coisa novamente não era assim tão simples. Afinal, ele teria que primeiramente retirar uma das fichas que seriam distribuídas no posto de saúde, e que por sua vez, só faria agendamento para a partir de 11 de fevereiro (portanto, mais uma semana após).
Nos dois dias seguintes, o amarelão não cessava e as dores vinham cada vez mais freqüentes e fortes.
Sendo assim, os familiares novamente o levaram ao HPS, na esperança de que alguém pudesse então atendê-lo.
E então, finalmente uma luz no fim do túnel. O próprio HPS agendou a cirurgia (devido a gravidade), para o dia 11 de fevereiro.
De posse das orientações pré cirúrgicas, meu tio fez o recomendado jejum de 12 horas, e no dia 11/02, às 07 horas da manhã foi  novamente ao HPS a fim de realizar a cirurgia agendada.
Lá chegando, aguardou até as 13 horas. Neste horário foi informado que havia cirurgiões disponíveis, mas era necessário um médico anestesista. Porém, havia apenas 1 anestesista de plantão no HPS. E assim sendo, este não poderia atendê-lo, pois por ser o plantonista, não poderia realizar anestesia em procedimentos cirúrgicos que não fossem pertinentes aos atendimentos de acidentados, ou de pessoas baleadas. Mandaram-no novamente pra casa. Com dores, e sem cirurgia. Remarcaram então, para o dia 20 de fevereiro a aguardada cirurgia.
Dia 20 de fevereiro, 7 horas da manhã, novamente meu tio (ainda sob efeitos de remédio para as dores que só aumentaram neste período) dirigiu-se esperançoso ao HPS. Novamente em jejum. Novamente aguardando atendimento. E novamente senhores: Novamente ele foi mandado embora, pois o médico anestesista que “seria” contratado para atendimento extra no pronto socorro, não estava. E sim, novamente o mandaram de volta para casa. Com dores, e sem cirurgia. Desta vez, não houve um novo agendamento de datas, mas houve um novo encaminhamento ao posto de saúde, a fim de se tentar através deste a marcação da tal cirurgia.
De posse de todos os exames, no dia seguinte meu tio foi (já bastante debilitado) ao posto de saúde. Mas não. A cirurgia não pode ser marcada.
Desta vez não faltavam médicos para atendê-lo, nem fichas, nem anestesistas. Faltava um telefone. Sim senhores, um telefone. O posto de saúde há DUAS semanas não consegue marcar a cirurgia por não terem telefone. Eu explico: O agendamento é feito através da internet, mas como o posto não tem telefone, não funciona a Internet, e sendo assim, não é possível agendar uma cirurgia.
Neste meio tempo, entre as idas e vindas ao HPS e ao posto de saúde, meu tio          também tentou atendimento no ÚNICO hospital publico da cidade, o Nsa. Sra. Das Graças. Mas lá a informação foi a mesma: O paciente deve primeiro procurar o posto para marcar a cirurgia.
Ele também tentou um hospital da rede Ulbra, que também realiza(va) atendimentos pelo SUS,. Porém, devido a esse hospital estar “falido”, os médicos fizeram um acordo coletivo com a instituição e foram todos demitidos e não há atendimento.
Meu tio segue até o momento, ingerindo doses cavalares de medicamentos pra dor.
O sisto, sem duvida deve ter aumentado, assim como as pedras e as dores.
No meio disso tudo me surgem algumas perguntas:
O que faria o HPS se chegassem DOIS pacientes baleados?
Ou DOIS acidentados. Já que só dispõe de UM anestesista?
Caso o estado do meu tio venha a piorar ainda mais (já que os resultados dos exames estão todos alterados com as taxas incrivelmente acima das normais), e por fim vier a falecer por conta desse descaso, a quem devo reclamar?
O que os familiares devem colocar em sua lápide? Pensei em algo do tipo: Morreu aguardando atendimento. Ou quem sabe: Coitado, cansou de esperar.
Senhores, eu humildemente pergunto: Canoas, subsede da Copa do mundo?
Ou eu estou incrivelmente equivocada, ou só pode tratar-se (por motivos óbvios) de uma grande piada de mal gosto.
Sugiro a prefeitura, que convide o Dr. Drauzio Varella como embaixador da Copa. Ao que parece, a cidade carece mais de médicos do que de técnicos de futebol.


Então tá.

3 comentários:

  1. Vivemos em um país onde maquiadores deveriam ocupar os cargos mais alto do governo. Esses sim sao profissionais competentes, eles sim conseguem transformar uma face, um sorriso, uma expressao. Mas, infelizmente, sofrem uma desigual concorrencia. Nossos governantes se especializaram nessa arte; maqueiam tudo, usam todo e qualquer evento como pano de fundo. Maqueiam por exemplo, o falido sistema de saude, maqueiam o transporte publico, maqueiam a segurança, maqueiam a educação, e, nós, como povo que ama ser maquilado, fica sucumbido a essa vergonha. Sofro eu, sofre o vizinho, sofrem pais, mães, filhos de uma naçao egoista, incrédula, ineficiente!! Infelizmente, nossos governantes nao sentem a dor, ela nao bate as portas de suas mansoes, nao invadem seus iates, nao tem espaço no compartimento de bagagem de seus avioes. Isso é privilégio do povo, povo igualmente mediocre, pois nós os elegemos, nós demos a eles esse poder paralelo. Que a boca no trombone possa ecoar nos ouvidos de todos, que nao seja uma causa em vao... e tenho dito.

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  3. Enquanto isso a saúde dos brasileiros honestos e humildes se acabando e ainda contribuindo com impostos para o governo pagar o auxílio reclusão com salário de R$798,30 para esposa e filhos dos bandidos. E dizem que 2012 é fim, precisamos chegar lá? O fim está aqui mesmo.
    Parabéns Vany!
    Abraços do Pedro.

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