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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Eu sou SHE RA...e quem duvida?



Sou de um tempo bem bom. De uma infância leve e de alegrias profundas.
E são de lá, deste tempo que em mim ficou guardado, que carrego as lembranças de momentos que me fizeram ser quem sou, de estar onde estou. E de pensar com certo distanciamento e orgulho sobre tudo isso.
Naquele tempo, não fazia mal entrar na piscina de plástico, colocada perto do Butiazeiro, onde se murchava na água, até o dia findar.
Naquele tempo, em que a TV era uma Telefunken de seletor (quebrado), e o telefone – artigo de luxo- era um aparelho de discar. E era de discar não por acaso, mas por que era preciso rodar o disco para telefonar para alguém. E o telefone deste alguém continha apenas 6 dígitos. Não havia operadoras para longas distâncias. E provavelmente as ligações à longa distancia eram tão caras, que era melhor economizar para viajar nas férias até a casa de quem se quisesse telefonar.
E quanta gente enriqueceu vendendo cotas da empresa de telefonia?
Novos amigos eram feitos todos os dias: na escola, na rua. Ah a rua! Sou do tempo em que fechávamos a rua nos finais de semana para estender uma rede de vôlei e jogar até as pernas não agüentarem mais. E olha que elas (naquela época) agüentavam bastante. Não precisava ter o time. Os atletas chegavam aos bandos e se juntavam num sincronismo invejável.
Nilcon era o segundo esporte oficial da rua. Também rendia bons duelos. E bons gastos com Merthiolate no joelho também.
A rotina durante a semana era sagrada: Chegar em casa da escola, comer alguma coisa, fazer o “tema”, e voar as tranças para a rua. Andávamos de bicicleta, inventávamos rotas fantasiosas, e criávamos esconderijos para o caso de inimigos imaginários aparecerem. Montávamos barraca no fundo do pátio, que se tornava a casinha de bonecas. Dava mais trabalho carregar toda a parafernália para “mobiliar” a casa, que quando acabávamos, já era hora de encerrar a brincadeira.
Mas brincávamos de trabalhar também. E as mais cobiçadas profissões eram: Caixa de supermercado e Secretária. Qualquer máquina de escrever velha, fazia as vezes da caixa registradora.
Quando o tempo não colaborava, brincávamos de jogar stop. Muita coisa aprendi ali, tenho certeza.
Neste mesmo tempo, colecionávamos pastas e mais pastas de papéis de carta, com seus desenhos de cores suaves. Nunca serviram para escrever carta para ninguém, mas eram exibidos como troféu. Como dói tê-los jogado fora.
Na hora do recreio, não havia tempo a perder. Fazia parte de um bando de meninas que se juntavam religiosamente todos os dias, para um emocionante campeonato de pular elástico. Eu era boa naquilo.
O lanche da escola era levado de casa. Normalmente pão, leite com Nescau, quem sabe uma fruta. Refrigerante? Só em aniversários ou finais de semana “especiais”.

Não havia sites de relacionamento, quiçá computadores. Uma tecnologia longínqua demais para os limites de nossa imaginação. Mas toda sua geração tem uma “ferramenta marco”de interação. A nossa, eram os Questionários. As perguntas eram clássicas e piegas. As respostas idem. Aliás, IDEM era uma das mais utilizadas. Seria hoje o equivalente a um Trending Topics no Twitter de hoje.
Usávamos vestido trapézio, blusa balonê, saia-calça, mini saia xadrez com meia até o joelho e cuturno. O cabelo era liso e a franja repicada. Maior sucesso nas “reuniões dançantes”, ao som de Cindy Lauper e Roxette. As gurias levavam os comes, e os garotos os “bebes” que quando muito se resumiam a litros e mais litros de refrigerante, e meia garrafa de cachaça surrupiada da geladeira da mãe de alguém para fazermos o famoso Hi Fi.
Festa junina na escola, era época de vender votos, para disputar o cobiçado posto de “mais bela(o) caipira”.
A “Feira de Ciências” era a chance da descoberta de tantas novas possibilidades, que nos sentíamos pequenos inventores malucos.
O Natal demorava tanto, mas tanto a chegar, que as vezes dava a impressão de que Papai Noel havia esquecido de trazer o tão sonhado “Pogobol”.
Barbie de verdade? Um luxo para poucas. A Susy estava de bom tamanho.
E quem se importaria em ter uma Barbie, quando sonhávamos mesmo e erguer uma espada e dizer: EU SOU SHE-RA!!
E não havia, nenhuma sequer dessas meninas, que não tivesse sonhado em ser Paquita – nem que fosse por um dia.
É tão bom 
Bom, bom, bom 
Quem quer pão 
Pão, pão, pão 
Bom estar contigo na televisão 
É tão bom 
Bom, bom, bom 
Quem quer pão, 
Pão, pão, pão 
Bom estar contigo no meu coração 

Talvez só a maturidade nos dê essa capacidade de enxergar o quão precioso são os momentos que passamos e que parecem ter ficado em algum lugar mágico no fim do arco Iris.
Que seja ela então, que nos faça ser capaz de proporcionar a nossos filhos, valores que permitam entender o quão é possível aproveitar a vida preocupando-se mais em  SER do que em ter. Afinal, é o que se leva: lembranças de uma vida feliz.
Então tá!

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