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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Não levei jeito pra coisa…



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quando eu era criança minha mãe me matriculou no balé.
Odiei de cara. Cheguei em casa dizendo que havia achado aquele negócio de ficar segurando a uma barra, agachando e levantando um aula inteira, um tédio.
Devo ter ido a uma ou duas aulas se muito, até que a perspicaz professora comentou com minha mãe que eu não levava mesmo jeito para coisa, e que ao saltar eu tinha a suavidade de um elefante. Salve a professora. Não era mesmo pra mim. Fui jogar vôlei que era mais a minha praia, e embora meu tamanho não favorecesse muito, até que me saí bem e cheguei à seleção de vôlei do colégio. Ponto pra mim, e pro azar da minha mãe nunca fui a bailarina que ela imaginou que eu pudesse ser. Aliás, acho que a figura da bailarina, refletia aquilo que inconscientemente ela imaginava pra mim: que eu fosse uma menina singela, delicada que gostasse de rendinhas, babadinhos, fitinhas e usasse cor de rosa.
Pro desgosto dela, eu odeio rendas, babados e fitas e abomino cor de rosa. Da delicadeza passei longe. Meu negócio era jogar vôlei, carta, ir ao estádio assistir aos jogos do Inter, e quando não ia, ficava roendo as unhas em casa, com o olho na TV e o radinho de pilha colado ao ouvido. Freud explica.
Outro dia minha filha resolveu que queria fazer balé, empolgada com a ida das coleguinhas de classe. Foi a uma aula, e na volta quando eu perguntei como tinha sido o primeiro dia ela me responde: - “Mãe, eu não gostei do balé, queria mesmo era fazer capoeira”.
Não me frustrei, porque assim como ela, eu também não dei pra coisa, e até confesso que achei hilário. Quem sabe uma peça que o destino me pregou pra eu sentir na pele o que minha mãe passou. Se for isso, lamento seu destino, mas achei o máximo à atitude dela.
Não tenho grandes projetos pra minha filha, até porque acho que a gente mal da conta dos nossos próprios projetos, quem dirá querer saber o que um filho fará quando crescer. Muita pretensão.
Meu único desejo é que ela seja livre para fazer suas escolhas. De minha parte farei de tudo para contribuir dando estrutura, mas no mais, quero que seja ela mesma, com seus próprios sonhos e em busca de suas próprias possibilidades.
O caminho que ela escolher não me importa. Me basta que seja trilhado com dignidade e respeito ao próximo. Fora isso, se quiser ser padeira ou astronauta, malabarista de circo ou uma serva da caridade, francamente, não me fará nenhuma diferença.
Então tá!

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