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sábado, 20 de fevereiro de 2010


O Curioso caso de qualquer um de nós

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Essa semana depois de muitos depoimentos favoráveis, resolvi assistir o premiadíssimo O curioso caso de Benjamin Button, e realmente as indicações se confirmaram e o filme é realmente muito bom. Tanto na história, quanto na maneira sutil de falar das agruras daquele pobre cristão condenado a uma pena de morte pelo próprio organismo.
Mas em especial uma cena me chamou atenção. Nela é narrado como funciona na prática o dedo cirúrgico do destino em nossas vidas, e de como cada segundo pode fazer a diferença entre vida e morte, felicidade ou tragédia.
No início desta mesma semana, ao dirigir-me para o trabalho, houve um congestionamento incomum. Trânsito parado, sirenes ligadas, e movimentações estranhas.
Logo se descobriu que houve à frente um atropelamento. Uma moça de 25 anos morreu atropelada ao tentar fazer a travessia da BR 386, num dia de chuva, por 3 carros. Sim, 3 carros. O primeiro atropelou (o carro de uma empresa de segurança privada), e os outros dois chocaram-se a ela sem tempo de desvio. Morte instantânea, de uma jovem a caminho do trabalho.
Lá vem o dedo cirúrgico e preciso do destino.
E se ela tivesse se atrasado no banho? E se o relógio não tivesse despertado? E se ela tivesse esquecido o guarda-chuva e tivesse voltado para buscá-lo?
E se ela tivesse uma consulta médica e não pudesse ir trabalhar?
E se o carro que perdeu o controle e a atingiu, tivesse furado um pneu? E se o motorista tivesse parado antes para abastecer?
E se este mesmo motorista tivesse voltado do portão para dar um beijo na mulher que dormia serena em sua cama? E se o farol anterior estivesse fechado o atrasando alguns minutos. E se ele tivesse conseguido frear?
E se ele estivesse sido demitido no dia anterior e estivesse naquele instante, depois de uma noite em claro pensando no desemprego, dormindo pra recuperar o sono perdido?
Ele não estaria passando por ali. Ela teria completado a travessia.
Está escrito. Em algum lugar há de ter um final reservado e escrito especificamente para cada um de nós. Não há como fugir. Não temos um Dejavú que nos dê rotas alternativas.
Estamos onde estamos, porque temos que estar.
Não há recurso jurídico. Não há reprise do lance. Não há uma segunda chance.
Não há test drive pra ver se dará certo. Não há esboço antes do texto oficial.
Há o destino. Impecável e implacável.
Há a utopia de achar que só acontece com o outro.
E há o ato, o fato, o incontestável.
O fim. A única e mais abominável certeza que temos, acompanhado das certezas que inventamos todos os dias para fazer de conta que somos donos de nossos destinos.
Então ta!

Um comentário:

  1. Gostei desse post. Nada mais que a verdade. Dá até um arrepio ao ler isso. Eu vi o filme no cinema, lembro direitinho dessa parte. Foi até por causa dele que escolhi minha profissão de enfermeira. Estava no centro e ocorreu um atropelamento. Dois corpos no chão. um motoqueiro e o atropelado. Fiquei olhando o trabalho daqueles enfermeiros... e pensando nas possibilidades, no destino. Ironico... Então tá! ;)

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