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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quase 30.


Dia desses, num daqueles dias em que nos olhamos no espelho e nada nos satisfaz, tive um choque de realidade.
Comecei botando defeito na roupa que não me caía bem – nem depois de tê-la trocado pela 15ª vez. Passei pelo excomungar dos cabelos, jurando que nunca mais permitiria que ele fosse cobaia de testes de coloração com procedência duvidosa.
A partir daí a lista de desagrados seguiu impiedosa, passando pelo resto do conjunto.
Mas foi quando cheguei ao rosto pra examinar a gravidade das olheiras, me vi de verdade. Prestes a fazer 29 anos, ou pior: Quase 30.
Quase 30… Quase formada, quase aprendendo inglês. Quase fazendo ioga, quase marcando as férias.
Quase aprendendo a educar a filha, quase aprendendo a lidar com a TPM.
Quase conseguindo emagrecer, quase usando a agenda, quase aprendendo a me organizar.
Quase enxergando que, quando se está com um problema é muito mais fácil – e barato – ficar em casa quietinha e chorar até o secar do poço, do que gastar os tubos em qualquer bobagem digna de arrependimento posterior.
Quase entendendo que as pessoas não têm a obrigação de pensar como eu.
Quase aceitando que pra ser bom, não preciso aceitar a tudo e a todos. Dizer “não”, faz parte.
Quase aprendendo que os problemas dos outros, são dos outros porque são eles que têm de resolver, não eu.
Quase entendendo que a vida requer um jogo de cintura que nenhuma bailarina do É o tchan teria (ta vendo como estou mais para os 30?). Ou se aprende isso, ou se está fora do jogo.
Quase assimilando a idéia de muitas vezes a melhor resposta é o silencio, a cabeça fria, esperar a poeira baixar.
Quase entendendo que essa ânsia de ser uma super mãe, uma super profissional, uma super mulher, tudo isso de salto alto e vestindo 38 só me frustra e me impede de viver o presente.
Quase aprendendo que eu posso errar e que isso não é o fim do mundo, e que os fracassos também fazem parte de qualquer biografia.
Quase enxergando que as pessoas têm o direito de se magoar comigo, e que eu não posso decretar meu fim por conta disso, mas que posso sim pedir desculpas sem me sentir menor por isso.
Quase chegando a níveis mais aceitáveis de stress - não de paciência.
Quase me convencendo de que faço muito melhor as coisas que gosto, mas que as que não gosto também são necessárias. Que sejam então um aprendizado.
Quase aceitando que tenho grandes defeitos e grandes limitações. E que enxergá-los é condição sine qua non para superá-los.
Quase 30.
Será que isso tudo vai mudar?
Quase certo que não.
Então tá.

2 comentários:

  1. Dia 20 de fevereiro você está prestes a fazer aniversário...

    Só pode ser Psiciana, como eu estou imaginando desde que li o primeiro texto...

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    Respostas
    1. Arthur... com um pequeno e injustificável atraso de mais de um ano, estou respondendo teu comnentário.
      Sim, coisa de pisciana é claro.
      O blog está voltando a ativa...

      Abraços!!

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